giovedì

:: Eras...


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi:
não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Dois amantes felizes
não têm fim nem morte,
nascem e morrem
tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.
Não te quero
senão porque te quero,
e de querer-te
a não te querer chego,
e de esperar-te
quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Pablo Neruda