giovedì

:: Esta Manhã...


Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele.

E o corpo

doeu-me onde antes os teus dedos foram aves

de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha camisola;

e eu despi-a para ti, a dar-te um coração

que era o resto da vida - como um peixe que respira

na rede mais exausta.

Nem mesmo à despedida

foram os gestos contundentes;

tudo o que vem de ti é um poema.

Contudo, ao acordar, a solidão sulcara

um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo

um trilho abandonado na paisagem.

Sentei-me na cama

e repeti devagar o teu nome,

o nome dos meus sonhos,

mas as sílabas caiam no fim das palavras,

a dor esgota

as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.

Maria do Rosário Pedreira