giovedì

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Sei que estás no meu coração
és a flor que me traz de volta
o cheiro da nossa infância

porque és o eterno carinho
(uma beleza impossível de decifrar)
porque tens a delicadeza
impressa no teu silêncio
porque vens com a tua boca doce
chamar o nome com que o amor
se disfarça na noite eterna




(Surripiado neste belissimo Blogue de escrita dos afectos e das palavras)

:: Um Anjo é...



Um anjo é uma espécie de luz
um coração de luz
que irradia do profundo mistério
que é sermos belos

belos na juventude eterna
dos nossos sonhos


belos na arte que respira cada um dos gestos
com que prosperamos
neste universo de silêncio

um anjo é um corpo de amor
à espera que outra boca
lhe dê ar ou a filigrana para compor
finalmente as asas




Daniel gonçalves
(Porque achei lindissimo...obrigada pela sua bela escrita.)

:: Oloferla...


martedì

:: Kulik Larissa...






















Fotografia em KULIK LARISSA

:: Maria Mihaela Sã, RBU...


Abre a Janela da tua Vida...
Deixa entrar o Sol!!!!

:: O Passaro Cativo...






O Pássaro Cativo
Armas, num galho de árvore, o alçapão; E, em breve, uma avezinha descuidada, Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada, A gaiola dourada; Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo: Porque é que, tendo tudo, há de ficar O passarinho mudo, Arrepiado e triste, sem cantar?
É que, crença, os pássaros não falam. Só gorjeando a sua dor exalam, Sem que os homens os possam entender; Se os pássaros falassem, Talvez os teus ouvidos escutassem Este cativo pássaro dizer:
“Não quero o teu alpiste! Gosto mais do alimento que procuro Na mata livre em que a voar me viste; Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci; Da mata entre os verdores, Tenho frutos e flores, Sem precisar de ti! Não quero a tua esplêndida gaiola! Pois nenhuma riqueza me consola De haver perdido aquilo que perdi ... Prefiro o ninho humilde, construído De folhas secas, plácido, e escondido Entre os galhos das árvores amigas ... Solta-me ao vento e ao sol! Com que direito à escravidão me obrigas? Quero saudar as pompas do arrebol! Quero, ao cair da tarde, Entoar minhas tristíssimas cantigas! Por que me prendes? Solta-me covarde! Deus me deu por gaiola a imensidade: Não me roubes a minha liberdade ... Quero voar! voar! ... “
Estas cousas o pássaro diria, Se pudesse falar. E a tua alma, criança, tremeria, Vendo tanta aflição: E a tua mão tremendo, lhe abriria A porta da prisão...

Olavo Bilac
Do livro: Poesias Infantis, Ed. Francisco Alves, 1929, RJ