venerdì

:: Ausência...


Por muito tempo achei

que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a,

branca,

tão pegada,

aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento

exclamações alegres,

porque a ausência,

essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.

Por muito tempo achei

que a ausência é falta
.
E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca,

tão pegada,

aconchegada nos meus braços,

que rio e danço

e invento exclamações alegres,

porque a ausência,

essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade